Para falar do meu primeiro mundial, preciso antes de tudo falar como foi a trajetória até lá. E para falar a verdade, conseguir a vaga desse primeiro mundial foi uma grata surpresa, já que eu desejava sim conquistar uma vaga dessa, mas não esperava que seria tão breve.
Depois de esperar 2 anos para largar em meu primeiro IronMan 70.3, por conta da pandemia de COVID 16, finalmente chegou o dia em que pude estrear na prova e ser chamado de Homem de Ferro, mas na distância 70.3, claro. Distância essa que é conhecida também como Half IronMan por ser a metade de um IronMan 140.6.
No dia 07 de agosto de 2022 foi dada a largada na cidade de Maceió que me deu a chance e classificação para o mundial na cidade de Lahti na Finlândia. Mas o dia em Maceió começou bem complicado, marcado pelo mar agitado e o infeliz episódio das tachinhas, porém com um bom desempenho e um pouco de sorte consegui concluir bem a prova.
O resultado no final do dia foi classificação para o mundial que seria realizado a exatos 1 ano e 17 dias depois do meu primeiro 70.3 em terras alagoanas. Tempo bom para organizar a viagem, melhorar o desempenho e ter uma boa evolução no esporte, já que existia muita motivação para isso.
Em Lahti, cada experiência foi incrível, o cenário era o melhor possível e nem o frio finlandês apagava o brilho do espetáculo que estava prestes a acontecer. Com vários atletas profissionais tidos como ídolos no esporte como Daniela Ryf e Kristian Blummenfelt tão próximo, a expectativa pela largada só aumentava.
Outra coisa muito bacana de estar em um mundial é que você também encontra brasileiros de “todo o canto do mundo” e isso é bem legal. Nos dias que antecediam a prova, não foi difícil encontrar os conterrâneos nos treinos de natação, de bike e até correndo. Os dias de treino foram uma delícia, clima e lugar bem agradável para treinar e competir em alto nível.
Mas no dia da prova não foi bem assim, o dia já amanheceu um pouco mais frio e no lago a água já era mais fria que nos outros dias, a ponto de que eu nem ousei entrar para aquecer e ficar tremendo de frio até o horário da largada, que para quem não sabe é realizada em ondas de idade e rolling star.
Foi uma natação um pouco difícil de encaixar o ritmo, a sensação que tinha é que quando nadava mais rápido, o coração acelerava e aí era difícil de manter o ritmo. Certamente o meu organismo já estava trabalhando um pouco além na tentativa de manter o aquecimento corporal.
Saindo do lago, tudo ficaria ótimo, já que me sinto muito mais confiante com o pé no chão, não sendo um exime nadador, a prova realmente começa quando saio da água. Mas também não foi tão fácil pedalar com chuva e vento frio, a ponto dos meus dedos e minhas jujubas ficarem congeladas. Por mais que fizesse força e mantivesse um nível de energia alta, pedalando acima da zona de potência, ainda assim fazia muito frio, mas nada que tirasse o foco de cruzar a linha de chegada, pegar minha medalha de um Mundial de IronMan.
Ainda na bike tive a infelicidade de ter problemas mecânicos por duas vezes, situações que podem acontecer quando temos que carregar vários equipamentos para muito longe e precisamos ter tudo muito bem alinhado para que o dia seja perfeito. O lado positivo disso tudo é que serve de aprendizado e experiência para as próximas competições internacionais.
As ladeiras de Lahti trazem um percurso desafiador, mas com pistas extremamente organizadas, a sensação que tinha é que pedalava é um extenso tapete. Era um percurso que realmente possibilitava andar muito bem e rápido, com pessoas em todas as partes do circuito e nas ruas apesar da chuva e da característica local das casas semelhantes a fazendas.
A corrida é sempre o “meu momento”, corredor de natureza, colocar o tênis no pé e não sentir os pés não foi uma sensação muito boa, mas sabia que em algum momento o corpo iria esquentar e tudo voltaria ao normal. Realmente voltou, mas só depois da primeira volta de 7km e que bom sentir os pés tocar o chão novamente.
O percurso da corrida passava por um estádio, possibilitava correr em uma pista de atletismo, depois passava por uma rodovia e um parque ecológico. Só não consigo entender porque o europeu gosta tanto de altimetria, seja para pedalar, seja para correr, não tinha nada no plano.
No final, cruzar a linha de chegada foi realmente incrível, um momento que ficará sempre em minha lembrança em um dia que começou muito difícil, mas que deu tudo certo quando pude receber a bandeira do Brasil entregue por uma das nossas alunas que nos acompanhou nessa jornada do meu primeiro Mundial de IronMan 70.3 na Finlândia.
Foi realmente uma experiência incrível, pude aprender e evoluir muito no ciclo antes da viagem e também durante toda a viagem. Indico a qualquer um que tem o sonho de chegar lá, treine e se dedique, vale a pena sonhar, acreditar e alcançar.
Mas considere que tudo acontecerá no tempo da sua dedicação, um bom exemplo disso é que para o ano de 2024, a CF Assessoria vai não somente com 1 representante, mas sim 4 triatletas para disputar o Mundial do ano em Taupo na Nova Zelândia. Já Estamos prontos para viver esse momento e você pode embarcar nos acompanhando em nossos canais.
Vamos com a gente?